2025-04-04 (IPMA)
No âmbito do projeto Eurocigua II, cofinanciado pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), realizou-se no dia 3 de abril, no auditório do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em Algés, um simpósio dedicado aos desafios para a segurança alimentar face ao surgimento de casos de intoxicação por ciguatera em Portugal, associados ao consumo de peixe contaminado por ciguatoxinas.
A abertura do evento ficou a cargo da Diretora do Departamento do Mar e Recursos Marinhos do IPMA, Ivone Figueiredo, e da Subinspetora-Geral da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), Filipa Melo de Vasconcelos, tendo esta destacado a importância da EFSA como entidade de referência na proteção da saúde pública na União Europeia e na garantia de que os consumidores europeus têm acesso a alimentos seguros e de qualidade.
Na ocasião, a responsável sublinhou ainda o papel crucial da ASAE na regulação e fiscalização da segurança alimentar em Portugal e na promoção da qualidade e legalidade com impacto direto na proteção dos consumidores, reforçando a atividade destas entidades na investigação de ameaças emergentes, como é caso da ciguatera.
A Professora da Universidade de Vigo, Ana Gago, apresentou uma visão geral do Eurocigua I e do estado atual do Eurocigua II, dando a conhecer os resultados mais recentes sobre a determinação de ciguatoxinas em peixe recolhido ao longo dos dois projetos, com especial enfoque as capturas realizadas nas Ilhas Selvagens, que exibiram alguns dos níveis mais elevados. Reportou ainda os perfis de toxinas determinados por cromatografia para a biomassa de Gambierdiscus cultivada no IPMA, proveniente de estirpes isoladas da Ilha da Madeira e das Ilhas Selvagens.
O aluno de doutoramento no IPMA/MARE/CIIMAR, Miguel Barbosa, descreveu o trabalho realizado para otimizar o cultivo de Gambierdiscus e apresentou a ocorrência de diferentes espécies, identificadas por técnicas moleculares e microscopia, que verificou ocorrerem no Oceano Atlântico, desde regiões tropicais, como São Tomé e Príncipe, até aos Açores.
A médica no Hospital do Funchal, Rita Câmara, partilhou informações sobre como os casos de ciguatera são distinguidos de outras condições clínicas, relatando oito surtos desde 2007 e 54 casos de intoxicação.
O Diretor do Departamento de Meteorologia e Geofísica do IPMA, Victor Prior, partilhou as suas considerações sobre as condições climáticas da Madeira e relatou o investimento do instituto em equipamento meteorológico para as Ilhas Selvagens.
Contando com a presença de cerca de meia centena de participantes do IPMA, da Universidade de Lisboa, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e da ASAE, entre outras instituições, a iniciativa culminou com a realização de uma mesa-redonda, cuja discussão foi aberta ao público.
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