2024-08-19 (IPMA)
JULHO 2024 foi o 2º mais quente a nível global, sendo o novo recorde de temperatura média global diária. Foi 2º mais quente na Europa, depois de 2010.
Julho de 2024 foi o 2º mais quente já registado, com uma temperatura do ar média global1 de 16.91°C, +0.68 °C acima do valor médio 1991-2020 (Fig. 1) e apenas +0.04 °C abaixo do máximo anterior, que se verificou em julho de 2023. Estima-se que o mês tenha sido cerca de +1.48°C mais quente do que a média pré-industrial de 1850-1900, assinalando-se por ser o primeiro a registar uma anomalia abaixo de +1.5 °C, depois de 12 meses com anomalia acima deste limiar.
É de realçar o novo recorde diário de temperatura do ar média global registado em julho de 2024. Em termos globais verificou-se o dia mais quente da história recente. Em 22 de julho de 2024, a temperatura do ar média global diária atingiu um novo recorde (dados do ERA5, desde 1940) no conjunto de dados ERA5*, de 17.16°C. Ultrapassando assim os recordes anteriores de 17.09°C, registado apenas um dia antes, em 21 de julho de 2024, e 17.08°C, ocorrido um ano antes, em 6 de julho de 2023.
Na Europa, o valor médio da temperatura média do ar foi +1.49°C acima do valor médio 1991-2020, sendo o 2ºjulho mais quente, depois do julho de 2010.
Em julho de 2024, as temperaturas do ar estavam bem acima da média de 1991-2020 no sul e no leste da Europa. As ondas de calor atingiram muitas regiões com temperaturas superiores a 40°C em Itália e na Grécia e as temperaturas noturnas em Atenas rondaram os 30°C, o que excedeu substancialmente o critério de 20°C para a definição de uma noite tropical. A Bulgária também registou um dos julhos mais quentes (semelhante a 2012) desde 1930. O noroeste da Europa registou temperaturas próximas ou abaixo da média.
O mês de julho de 2024 foi mais húmido do que a média no norte da Europa, em grande parte da Fenoscândia, nos estados bálticos, nas áreas circundantes do Mar do Norte, como a Dinamarca, os Países Baixos, o norte de França e a Inglaterra, bem como a Turquia, no sudeste. As fortes precipitações provocaram inundações em partes dos Estados Bálticos.
Em Portugal continental o mês de julho de 2024 classificou-se, em relação à normal 1981-2010, como quente em relação à temperatura do ar e normal em relação à precipitação (Fig.2).
O valor médio da temperatura média do ar em julho, 23.15 °C, foi +0.65 °C superior ao normal, sendo o 9º julho mais quente desde 2000.
O valor médio da temperatura máxima do ar, 30.17°C, registou uma anomalia positiva de +1.02 °C em relação à normal. O valor médio da temperatura mínima do ar, 16.12 °C, foi superior ao valor normal 1981-2010, com uma anomalia de +0.28 °C. Foi o 8º valor mais alto desde 2000.
Durante o mês destaca-se: um período frio com valores de temperatura mínima do ar muito inferiores ao valor médio mensal (desvios superiores a - 4.0 °C, dias 7 e 8), e um período predominantemente quente (18 a 31) com valores da temperatura máxima muito acima da média (anomalias superiores a 6.0 °C, dias 23 e 24). O dia 23 de julho, até à data, foi o mais quente de 2024 (temperatura média de 27.7 °C). Relativamente à ocorrência de noites tropicas, destaca-se o dia 29 com mais de 40 % das estações a registar uma temperatura mínima do ar ≥ 20 °C e os dias 23 e 24 com mais de 30 % das estações acima desse limiar.
Em relação à precipitação, foi o 8º julho mais chuvoso desde 2000; total de precipitação, 10.1mm, que corresponde a 86% do valor médio 1981-2010. No mês de julho o território do continente esteve predominantemente sob a ação anticiclónica, verificando-se ainda a passagem de ondulações frontais assim como a influência de uma depressão com expressão em altitude. Esta condicionante levou à ocorrência, em alguns dias do mês, de períodos de precipitação, em geral moderada e persistente, nas regiões do Minho e Douro litoral.
Verificou-se um aumento da área em seca meteorológica (classe moderada e severa) na região Sul, afetando os distritos de Faro, Beja, Évora, Setúbal e Portalegre. Aumento da área na classe seca severa nos distritos do Algarve e Beja. No final de julho cerca de 40 % do território estava em seca meteorológica moderada e severa.
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