2023-09-08 (IPMA)
O mês de agosto de 2023 foi o mais quente já registado a nível global e mais quente do que todos os outros meses, com exceção de julho de 2023. A temperatura média global em agosto foi 0.71 °C superior ao valor médio 1991-2020 (Fig. 1). Estima-se que o mês tenha sido cerca de 1.5°C mais quente do que a média pré-industrial de 1850-1900.
Ocorreram ondas de calor em várias regiões do Hemisfério Norte, incluindo o sul da Europa, o sul dos Estados Unidos e o Japão.
Na Europa o valor médio da temperatura média do ar foi superior ao valor médio 1991-2020 (+1.36 °C). Verificaram-se temperaturas do ar acima da média climatológica na maior parte da Europa, desatacando-se o sul da Europa com ocorrência de ondas de calor em Portugal, França e Itália. Milão registou a sua temperatura média diária mais quente desde 1763, 33°C. O calor no sul da Europa estendeu-se até ao Norte de África/Magrebe, com Marrocos a registar uma temperatura superior a 50.4°C pela primeira vez. Turquia, Europa Oriental e uma área sobre o Mar de Kara, estiveram também com temperaturas muito acima da média. Por outro lado, uma área centrada no sul da Escandinávia e incluindo os Países Baixos e o sul do Reino Unido registou temperaturas próximas ou abaixo da média.
Em relação à precipitação na Europa, verificaram-se condições mais húmidas do que a média numa grande parte da Europa Central e da Escandinávia, com ocorrência de chuvas fortes que levaram a inundações; também numa faixa longitudinal na Europa de Leste verificaram-se condições mais húmidas. Por outro lado, verificaram-se condições mais secas que a média na Península Ibérica, no sul de França, na Islândia e em grande parte da Europa Oriental, incluindo o sul dos Balcãs; destaca-se ainda em agosto a ocorrência de incêndios florestais na França, Grécia, Itália e Portugal.
Em Portugal continental o mês de agosto de 2023 foi extremamente quente e seco (Fig. 2).
Foi o 5º agosto mais quente desde 1931 (depois de 2003, 2018, 1949, 2010) com uma anomalia de +2.12 °C em relação ao valor normal 1971-2000.
O valor médio da temperatura máxima do ar também foi o 5º mais alto desde 1931 com um desvio de + 2.94 °C e o valor médio da temperatura mínima do ar o 9º mais alto (+ 1.31 °C).
Durante o mês foram ultrapassados os máximos de agosto da temperatura máxima em 20 estações, tendo sido ultrapassados os máximos históricos em 7 estações e verificou-se a ocorrência de 2 ondas de calor que abrangeu as regiões do vale do Tejo, interior Norte e Centro e região Sul.
Em relação à precipitação, registou-se um total inferior ao normal, 3.7 mm (27 % do valor normal), o que contribuiu para uma diminuição dos valores de percentagem de água no solo em todo o território, sendo mais significativo nas regiões do vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
No fim do mês verificou-se um aumento da intensidade da seca meteorológica em quase todo o território do continente, destacando-se os distritos de Setúbal, Évora, Beja e Faro com um aumento da área em seca extrema. A 31 de agosto 97 % do território estava em seca meteorológica, dos quais 46 % nas classes de seca severa e extrema.
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