2022-06-14 (IPMA)
Cientistas explicam o tsunami fora do comum que se seguiu à explosão do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, em 15 de janeiro de 2022
O tsunami que seguiu à explosão colossal do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai em 15 de janeiro de 2022 foi excepcional, exibindo um alcance global, velocidade de propagação mais alta, altura de ondas inesperadas no campo distante e uma duração sem precedentes. Uma equipa internacional, liderada por um investigador do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) , explicou o mecanismo por detrás da geração e propagação deste tsunami incomun no artigo recentemente publicado na revista Nature.
Neste estudo, a equipa analisou dados de satélite, do nível do mar e atmosféricos em todo o mundo e demonstrou com recurso a modelos numéricos e analíticos, que o tsunami foi impulsionado por uma onda (atmosferica) de gravidade acústica, causada pela explosão do vulcão e que viajou várias vezes pelo mundo. Na sua descoberta, os autores fornecem a explicação exata do tsunami observado globalmente e sugerem implicações do risco deste tipo de eventos.
“A violenta explosão do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai no Pacífico Sul foi uma fonte de ondas atmosféricas perceptíveis e um tsunami global excepcionalmente rápido com dissipação mínima no campo distante. Esta foi a primeira vez que um tsunami desencadeado por um vulcão foi registrado globalmente por instrumentação moderna e densa em todo o mundo, proporcionando assim uma oportunidade única de investigar os processos de acoplamento ar-água na geração e propagação do tsunami.”, como explica o primeiro autor do artigo e investigador do IPMA, Rachid Omira,
Como refere Rachid Omira “A parte desafiadora de estudar o tsunami de Tonga foi explicar quantitativamente todas as características observadas que foram completamente diferentes dos tsunamis comuns”.
“Uma onda atmosférica em movimento rápido capaz de excitar a superfície do oceano e “bombear” nele a sua energia foi a nossa explicação para este tsunami, que “saltou” de um oceano para outro e atingiu a costa de Portugal 10 horas antes do esperado”, refere o investigador.
R. Omira agradeceu a colaboração dos co-autores do IPMA, Universidade de Lisboa, Universidade de Cardiff e IPNA-CSIC, Ilhas Canárias, Espanha e o apoio da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia I.P., Portugal através do projeto FAST-PTDC/ CTA-MET/32004/2017.
Imagens associadas
A erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, a 15 de janeiro de 2022, produziu a maior explosão atmosférica da história registrada. Crédito: NASA/GOES/NOAA/NESDIS.