2017-06-23 (IPMA)
De 16 de Maio a 2 Junho de 2017 a Divisão de Geologia Marinha do IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IP coordenoue participou na campanha PROPEL – PROPagationoftheEurasia-AfricapLateboundaryEastoftheGLoriaFault. Esta campanha teve como objetivo a aquisição de dados geofísicosnuma das zonas mais enigmáticas e inexploradas do oceano Atlântico: a região SWIM-GLO (ver figura).É nesta ligação SWIM-GLO que a fronteira entre as placas Africana e Euroasiática passa de um limite quase discreto (a falha da Glória, GLO)a uma zona de fronteira difusa em que a deformação se distribui por várias falhas ativasna margem sudoeste Ibérica (SWIM, SouthWestIberianMargin). Esta transição dá-sena zona de intersecção com a crista Madeira-Tore, um relevo submarino de 1100 km de comprimento, cuja génese ainda não é bem compreendida, mas onde processos tectónicos importantes e intenso vulcanismo são testemunhados por grandes cicatrizes de deslizamentos e numerosos montes submarinos.
Durante a campanha PROPEL foram adquiridos dados de sísmica de reflexão multicanal, perfilador de fundo CHIRP, batimetriamulti-feixe e magnéticos. Estes novos dados são essenciais para conhecer e compreender a estrutura profunda da zona de transição SWIM-GLO e os processos tectónicos regionais, incluindo o intenso magmatismo, a atividade de falhas e os importantes deslizamentos submarinos, potenciais causadores de tsunamis.
O estudo da região Atlântica de fronteira de placas é essencial para compreender o risco de desastres naturais, já que nesta zona são gerados sismos e tsunamis de elevada magnitude, como o sismo de M8.4 em 1941 na falha da Glória e o sismo destruidor de Lisboa em 1755, com M>8.5 na região SWIM.
A campanha PROPEL foi financiada pelo programa europeuEUROFLEETS-2, que desde 2009 promove e financia uma estratégia europeia comum de utilização dos navios de investigação e equipamentos científicos marinhos. A campanha decorreu a bordo do navio oceanográfico italiano “OGS Explora”.Participaram no planeamento e na execução instituições portuguesas (Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Universidade de Évora, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa,Universidade de Aveiro), espanholas (ICM-CSIC de Barcelona), alemãs (GEOMAR e Universidade de Hamburgo), francesas (IFREMER) e italianas (ISMAR de Bologna, Universidade de Trieste e IstitutoNazionaledi Oceanografia e diGeofisicaSperimentale, OGS).
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