2017-05-16 (IPMA)
Associando-se à comemoração do Dia Mundial do Euromelanoma (www.euromelanoma.org/portugal), o IPMA informa sobre a radiação ultravioleta e evolução do Índice UV nos últimos quinze anos.
Ultravioleta, Temperatura do Ar e Alterações Climáticas
Faz parte do senso comum a associação do calor à radiação solar. De facto, os eventos de temperaturas extremas coincidem em regra com eventos de radiação ultravioleta elevada. Então, será que existe uma relação entre a temperatura e a radiação UV?
A variação diurna da temperatura do ar é causada pelo aquecimento da superfície da Terra que por sua vez é devido à absorção de radiação solar. À escala mensal, a temperatura média do ar apresenta uma correlação pouco significativa com o IUV (Índice UV). Por outro lado, o máximo do IUV médio mensal ao longo do ano ocorre em Julho, um mês antes da temperatura mensal média máxima em Lisboa e no Funchal, enquanto em Angra do Heroísmo, ocorre um mês depois.
Embora a radiação ultravioleta contribua para a formação da queimadura solar, cujo efeito é perceptível várias horas depois da exposição ao Sol, esta não contribui para a sensação de ardor sentida no momento, uma vez que esta resulta do efeito da radiação solar visível e infravermelha, muito mais intensa do que o ultravioleta.
Os resultados das observações de satélite indicam que o máximo do IUV ocorre no mês de Julho nos Açores, Madeira e Continente. No entanto, o máximo da temperatura do ar ocorre no mês de Agosto em Lisboa e no Funchal (1 mês depois) e, em Junho em Angra do Heroísmo (1 mês antes). Este resultado, pode ainda contribuir para o agravamento das exposições solares no início da época estival, visto a dose diária ser maior em Maio do que em Agosto!
Ainda, de acordo com estes resultados obtidos nos últimos quinze anos, os períodos com IUV igual ou superiores a 6 (Elevado) é: nos Açores desde a última semana de Março até a última semana de Setembro; na Madeira, desde a primeira semana de março até à segunda semana de Outubro; em Portugal: desde a primeira semana de Abril até à 3ª semana de Setembro.
Em média, o número de dias no ano com valores de IUV Elevado ou superior e com IUV Muito Elevado, respetivamente: nos Açores, 150 e 70 dias; na Madeira, 200 e 129 dias; em Portugal 150 e 85 dias. Por outro lado, nos últimos 15 anos, o número de dias com IUV Elevado (6) não apresenta qualquer tendência significativa.
E qual o papel da camada de ozono nesta problemática? Desde 1994 assiste-se a um aumento gradual da espessura da camada de ozono nas latitudes médias do Hemisfério Norte. Nos Açores, Madeira e Portugal, a evolução acompanha esta tendência. No entanto, a destruição do ozono na Antártida ainda ocorre com grande intensidade, sobretudo devido ao efeito das baixas temperaturas na estratosfera. Espera-se que o aquecimento global à superfície conduza a um arrefecimento da estratosfera e consequentemente a temperaturas cada vez mais baixas que favorecem a formação de nuvens polares estratosféricas e a destruição massiva do ozono nessa região. Ainda recentemente (2015) o buraco de ozono na Antártida atingiu áreas máximas mais tarde e durante mais tempo.
Por outro lado, o aumento da radiação observado na Europa foi de aproximadamente 6.5% desde o início da década de 80 do século passado, sendo consistente com a redução do ozono estratosférico observada no mesmo período. Nas latitudes médias do Hemisfério Norte nas quais o nosso território se insere, este aumento foi da ordem de 8% para o mês de fevereiro e de 3 a 5% para os meses de junho a agosto.
De acordo com o último Relatório de Avaliação da Camada de Ozono das Nações Unidas (WMO/UNEP), estima-se que um nível máximo da radiação UV tenha sido atingido pouco antes do ano 2000, assistindo-se actualmente a uma diminuição gradual como consequência da recuperação da camada de ozono. De acordo com estes resultados, espera-se também uma redução dos níveis de radiação UV para os valores de referência (1975-1995) ainda no final desta década.