2015-10-23 (IPMA)
Corria a tarde do dia 20 de Setembro de 2015 quando chegamos ao monte submarino Atlantis, o mais nortenho do complexo Great Meteor. É acima deste monte submarino que a corrente dos Açores se localiza, motivo pelo qual estavamos curiosos, no que toca às espécies presentes e respectivas abundâncias. Durante dois dias, a equipa de oceanografia conseguiu amostrar praticamente todas as estações do desenho experimental realizado para este monte submarino. A estação acústica colocada previamente no Atlantis, que nos dará informação sobre telemetria de espécies pelágicas e presença de cetáceos, foi recolhida. O conhecimento sobre o mapeamento do fundo através de varrimento multifeixe foi melhorado. E, finalmente, o ROV Luso ficou rodeado por água na vertente Oeste do monte submarino Atlantis. O primeiro mergulho permitiu explorar o fundo batial onde gorgónias em espiral de nome Iridogorgia sp., corais bamboo Acanella arbuscula e esponjas globulares, lolipop Stylocordyla sp. e ninho-de-pássaro Pheronema carpenteri dominavam um fundo misto de areia e rocha e escoadas lávicas lindíssimas. Tubarões de profundidade foram espreitando o ser extramarinho com curiosidade, mas outros peixes como o peixe-rato apareceram frequentemente. No entanto, uma madre de pesca de palangre resolveu capturar o ROV por uns momentos deixando as equipas de pilotos e científica sob tensão. Ao fim de 3h a concentração e calma da equipa de pilotos ROV levou a melhor e o ROV Luso voltou à superfície para verificar se estava tudo bem com o equipamento. Tudo verificado, novo mergulho foi realizado no topo do Atlantis a menor profundidade. O transecto foi realizado num fundo maioritariamente dominado por areia com afloramentos rochosos esporádicos. Esponjas da família Lithistidae formavam agregações por aqui e por ali. O coral chicote Viminella flagellum também foi avistado formando um jardim e a abrótea-do-alto dominou a ictiofauna. Mas a rocha começou a aparecer replecta de amarelo. O que estaria ali? Corais escleractínios solitários e esponjas digitiformes pareciam formar um tapete amarelo em comum. E mais à frente, outro escleractínio colonial branco alternava com hidrocorais, gorgónias cor-de-laranja e corais moles num afloramento rochoso cheio de diversidade. As amostras recolhidas neste mergulho são valiosíssimas e abriram a curiosidade de todos a bordo do navio.
No dia 23 de Setembro, o tempo piorou ligeiramente, sendo impossível manter a estabilidade do navio e realizar mergulho ROV na vertente oposta do Atlantis. Assim sendo, resolvemos rumar ao monte submarino Irving, 160 milhas naúticas a sul do Atlantis. A equipa científica está com grande expectativa em relação ao que encontrará neste monte submarino em relação a dados oceanográficos e comunidades bentónicas de profundidade. Desejem-nos boa sorte!