2015-09-10 (IPMA)
Depois dos dois dias de trabalho intenso devido à grande quantidade de peixe nos dois lances de palangre realizados a pouca profundidade (<200 m), finalmente veio algum descanço! Tanto em termos de número de individuos com em número de espécies, os lances de palangre realizados no Gettysburg a profundidades intermédias (600-1200m) revelaram-se consideravelmente mais fracos. A maioria dos anzóis recolhidos continuavam com o isco e apenas 4 espécies dominaram as capturas (sapata, melga, leitão e lixinha da fundura) e mesmo assim em números reduzidos.
Relativamente ao lance de palangre mais profundo (1500-2000m) realizado com um palangre diferente tivemos mais sucesso. Foram recolhidas diversas espécies de profundida como tubarões (4 espécies), quimeras (2 espécies) e teleósteos (6 espécies). Neste lance tivemos uma surpresa inesperada: a captura de um peixe balão Lagocephalus lagocephalus. Esta é uma espécie oceânica pelagica e portanto terá provavelmente sido capturado durante a descida ou subida do aparelho. Neste lance foram ainda recolhidos diversos e coloridos corais de profundidade com inúmeras espécies associadas.
Os lances com covos foram também um sucesso capturando um variado número de espécies. Destes destaca-se a captura de mais de meia centena de Acanthephyras purpurea a 1000 m de profundidade e a captura de um cavaco e mais de 30 santolas na coroa do banco. Capturou-se ainda um camarão de aspecto bizarro que foi identificado a bordo como Notostomos cf. elegans.
Os videos gravados com o Lander forneceram ainda informação tanto da comunidade biológica como do aspecto geológico do banco. Nos videos foram registadas espécies que não foram capturadas nem com o palangre nem com os covos, como um tubarão e uma raia de profundidade e uma pota de média dimensão. As imagens mostram ainda interações de indivíduos da mesma espécie e de espécies diferentes nunca obssrvadas. A filmagem realizada a 100m de profundidade apesar de não ser muito rica do ponto de vista biológico mostra imagens espetaculares do aspeto do banco a esta profundidade, que é constituído por “dunas” de areia grossa e branca, moldadas pelas fortes correntes sentidas na área.
No final desta primeira etapa a equipa estava cansada mais satisfeita com o trabalho realizado. As condições de mar ajudaram bastante apesar de alguma ondulação. Na viagem para Portimão tivemos a companhia de mais um grupo de golfinhos pintados que nos presentearam com um espetáculo de saltos enquanto relaxavamos ao sabor de uma caipirinha!
Foto: Equipa que participou na primeira etapa da campanha do Gorringe a bordo do N/ Arquipélago no porto de Portimão.