2014-02-11 (IPMA)
Durante a tarde do dia 8 de fevereiro de 2014 e o dia 9, uma depressão no Atlântico Norte localizada entre a costa leste do Estados Unidos da América e os Açores, sofreu no seu deslocamento para leste, um processo de ciclogénese explosiva, registando-se uma descida da pressão de 29 hPa entre as 12UTC (12 horas locais) do dia 08 e as 12UTC do dia 09.
Às 18 UTC, do dia 09 de fevereiro, a depressão, designada por Stephanie pela universidade de Berlim, centrava-se na Corunha com um mínimo de pressão de 981 hPa (Figura 1), deslocando-se para es nordeste, vindo a localizar-se às 06UTC do dia 10, no sul de França.
A aproximação desta depressão à costa ocidental portuguesa originou precipitação, por vezes forte em especial nas regiões do litoral oeste, e vento forte de sudoeste ou de oeste com rajadas, que durante a tarde e a noite do dia 9, ultrapassaram 100km/h em alguns locais, tendo-se registado 134,3 km/h no Cabo da Roca às 20:20UTC. A tabela 1 mostra os valores mais elevados da rajada registados na rede de estações meteorológicas do IPMA.
A partir da noite do dia 9, com o deslocamento da depressão para o Golfo da Biscaia, verificou-se uma rotação do vento para noroeste, mantendo-se forte e com rajadas da ordem de 80 a 90 km/h, durante a madrugada do dia 10.
O vento intenso associado à depressão originou agitação marítima forte no Atlântico, tendo-sido registado nas bóias ondógrafo do Instituto Hidrográfico (IH) ondas com altura significativa, Hs, até 8 m e com altura máxima, Hmax, de 12.5 m em Leixões e 17 m em Sines (Figura 2), associadas a um período de médio de 10 s.
As previsões dos modelos numéricos (Figura 3) assim como as previsões do Centro Operacional de Previsão do Tempo do IPMA foram corroboradas pelas medições obtidas pela rede de bóias ondógrafo do Instituto Hidrográfico.
As ondas de altura máxima com 17 metros, observadas em Sines, podem ser designadas como “freak (ou rogue) wave”, uma vez que a sua altura foi maior que o dobro da altura significativa (Hs ~8 m), o que se pode considerar como um evento extremo, dado que a probabilidade de ocorrer é inferior a 1%.
Apesar das inúmeras similaridades entre esta ondulação e aquela que ocorreu no passado dia 6 de Janeiro (associada à passagem da tempestade Christina), nomeadamente nos valores de Hs e da direção de propagação, as diferenças nos valores dos períodos de ondas determinam diferenças na energia e no comprimento de onda.
Contrariamente à ondulação originada pela tempestade Christina, a ondulação gerada pela tempestade Stephanie apresentou um período médio de 10 s., explicado pelo facto da sua geração ter ocorrido substancialmente mais perto da costa Oeste Portuguesa e durante menos tempo, quando comparadas com as ondas geradas pela tempestade Christina ao longo do seu trajeto ao longo de uma enorme faixa no Atlântico Norte.