Existe a necessidade de sistemas de aviso prévio, sensíveis e bastante seletivos na avaliação da contaminação química das áreas estuarinas e costeiras, uma vez que a contaminação química destas áreas é muito complexa, podendo ter implicações negativas para o ambiente e saúde humana (através da cadeia alimentar) e industrias costeiras associadas (pesca e aquacultura). Tendo em conta que a quantificação dos compostos químicos em concentrações ultra-traço no meio marinho é efetuada presentemente com recurso a análises químicas, que envolvem amostragens dispendiosas financeiramente e com um tempo de resposta limitado, sendo impraticável em monitorizações regulares (os resultados só são conhecidos após diversos dias), é necessário desenvolver sistemas de deteção em tempo real fiáveis, sensíveis e seletivos.

O projeto SEA-on-a-CHIP tem como objetivo desenvolver uma miniplataforma de imunosensores autónomos, flexíveis e remotos, com base numa matriz de micro/nano elétrodos totalmente integrados e um sistema de microfluidos com a configuração “lab-on-a-chip” combinado com um sistema de deteção eletroquímico para monitorizar em tempo real as águas marinhas em condições de multi-stress.
Ao longo de dez atividades (WP) será desenvolvido um sistema que possa ser usado em instalações de aquacultura e que permita a rápida avaliação de 8 contaminantes selecionados entre 5 grupos de compostos que afetam a produção em aquacultura (compostos tóxicos, bioacumulativos e disruptores endócrinos) e alguns originários desta atividade que afetam o ambiente e a saúde humana (antibióticos e pesticidas). Este sistema poderá ser, posteriormente, utilizado para outros compostos e situações, como análise da contaminação das águas costeiras. Cada dispositivo será capaz de executar 8 análises em simultâneo e em duplicado, e terá uma autonomia de cerca de um mês para análises em tempo real com uma periodicidade de hora a hora. A possibilidade de ligar simultaneamente todos os dispositivos necessários à mesma plataforma, torna o sistema bastante flexível e de baixo custo. As 10 WP desenvolvidas para este projeto consistem em:

• WP1: Coordenação e Gestão (líder: Damià Barceló; dbcqam@cid.csic.es);
• WP2:Imunoensaios e Imobilização líder: M. Pilar Marco; pilar.marco@cid.csic.es);
• WP3: Lab-on-a-chip (líder: Abdelhamid Errachid; abdelhamid.errachid@univ-lyon1.fr);
• WP4: Gestão de fluídos e robótica (líder: Cecilia Laschi; cecilia.laschi@sssup.it);
• WP5: Processamento e gestão de dados – transmissão para a plataforma central (líder: Manel López de Miguel; manel.lopez@ub.edu, mlopez@el.ub.es);
• WP6: Sistema eletrónico de dissipação de superfície (Gateway) – transmissão do sinal, recolha de dados e controlo remoto (líder: Spiros Peristeris; spiros.peristeris@gmail.com);
• WP7: Integração dos componentes (líder: Bo Mattiasson; bo.mattiasson@biotek.lu.se);
• WP8: Software de aplicações remotas (líder: Josep M. Riera; jmriera@oqpbcn.com);
• WP9: Verificação e validação – casos modelo (líder: James Readman; JWRE@pml.ac.uk);
• WP10: Plano de disseminação e exploração dos resultados (líder: Cecilia Laschi; cecilia.laschi@sssup.it).

O sistema será testado ao longo de todo o projeto e será calibrado consoante os conhecimentos adquiridos nas seguintes análises químicas: primeiro em laboratório, depois em ecossistemas artificiais e, por fim, durante os 3 estudos em condições reais de utilização em instalações de aquacultura de 2 PMEs. A última fase da experiencia consistirá na divulgação dos resultados obtidos de modo a permitir a comercialização dos dispositivos.

O consórcio do projeto SEA-on-a-CHIP é composto por 17 instituições de nove países da União Europeia (Áustria, Espanha, França, Grécia, Itália, Portugal, Suécia, Reino Unido e Roménia) e um país associado (Noruega). Os parceiros refletem Organizações de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico e Pequenas e Médias Empresas, selecionados com base na sua experiência e competência, de modo a gerar uma parceria equilibrada, necessária para a realização de um projeto multidisciplinar.