Helena A. Silva, Paula Costa e Susana Rodrigues
0 termo molusco bivalve designa o animal de corpo mole protegido por um exoesqueleto com forma de uma concha de duas valvas, que se articulam por uma charneira e são mantidas unidas pelos músculos adutores (Fig.1). Nos bivalves, contrariamente aos outros moluscos, não é possível distinguir a cabeça. 0 corpo é constituído essencialmente por um pé e uma série de lâminas branquiais (ctnedia) podendo, ou não, existir um par de sifões 0 manto tem a forma de duas abas simétricas que recobrem o corpo do animal e segregam as valvas. Estas podem ser firmemente fechadas por retracção dos músculos adutores, situados em cada uma das extremidades do animal. Os bivalves não possuem um sistema muscular que permita a abertura das valvas. Em vez disso possuem um ligamento elástico que automaticamente abre a concha quando o músculo adutor relaxa. Ao longo da charneira existe uma espécie de cremalheira que mantém as valvas da concha no lugar e evita que se desloquem para trás ou para a frente.
Figura 1 – Esquema de um molusco bivalve.
(Fonte: Pearson Education, Inc. publicado em kentsimmons.uwinnipeg.ca/16cm05/1116)
Para respirarem e se alimentarem, os bivalves filtram grande quantidade de água que entra na cavidade paleal e banha as brânquias onde ficam retidos o fitoplâncton, outros microrganismos e as partículas orgânicas que se encontram em suspensão. As brânquias são constituidas por dois pares de lâminas de cada lado do pé que possuem pequenos filamentos, os cílios, que conduzem a corrente de água para a cavidade do manto. Na figura 2 apresenta-se o circuito da água numa ostra.
Figura 2 - Circuito da água nas brânquias de um molusco bivalve.
AM - Músculo adutor; GO - gónadas; M - manto; U - umbo
Nas espécies que se enterram no sedimento, as margens do manto estão unidas e a entrada e saída da corrente de água é feita através de dois sifões (um inalante e outro exalante). As partículas retidas são transportadas até à boca por um muco pegajoso, sendo depois digeridas ao longo do trato digestivo. Parte do material digerido concentra-se nalguns órgãos como, por exemplo, no hepatopâncreas, a glândula digestiva destes organismos. 0 material não digerido é eliminado na forma de fezes ou pseudo-fezes. Estas últimas são constituídas por partículas que foram filtradas pelo organismo e, após passarem pela cavidade do manto, são expelidas para o ambiente envolvidas por muco. Na maioria dos casos a parte edível do animal é totalmente ingerida, mas nalgumas espécies, como a vieira, dá-se preferência ao consumo do músculo adutor.
Os bivalves são espécies aquáticas tanto de água doce como de água salgada, sendo as marinhas mais abundantes e repartindo-se por todas as zonas do globo e por várias profundidades. Podem viver livres, ou também enterrados na areia ou fixos em alguns substratos. Os bivalves consumidos pelo Homem vivem desde as zonas intermarés até poucos metros de profundidade.
A sua biologia está submetida à influência de factores tanto ambientais (abióticos) como de natureza biológica (bióticos), sendo a sua distribuição determinada por ambos. Os principais factores ambientais que afectam os bivalves são a temperatura, luz, salinidade, quantidade de oxigénio dissolvido na água, natureza do fundo e movimento das águas que influenciam os processos biológicos e a sua actividade. Por exemplo, se a temperatura aumentar, o metabolismo torna-se mais intenso e portanto aumenta o movimento ciliar e, consequentemente, a quantidade de água bombeada e o ritmo respiratório. A abertura máxima das valvas acontece por volta dos 20 °C e a actividade das brânquias é insignificante entre 3 °C e 8 °C e máxima entre 25 °C — 30 °C.
A temperaturas mais altas o animal introduz maior quantidade de água na cavidade paleal, come mais e consome mais oxigénio.
De entre os factores bióticos destacam-se, para além da disponibilidade de alimentos, animais competidores, predadores e parasitas ou causadores de enfermidades.
Quanto ao tipo de alimentação podem ser designados por:
Os moluscos bivalves podem ser capturados todo o ano, mas a sua condição física é óptima no Outono e no Inverno piora durante e após a desova em Março e Abril.