Lagostim – Nephrops norvegicus

Identificação

Corpo cilíndrico; carapaça coberta de pequenas sedas, com crista pós-cervical bem visível e espinhos dispostos em linhas longitudinais; rostro longo, os bordos laterais com 3 a 4 espinhos e o bordo ventral com 1 ou 2 dentes; primeiros 3 pares de patas com pinças, 1º par muito maior do que os outros; segmentos abdominais com sulcos transversais, com sedas, interrompidos na linha mediana. Olhos grandes em forma de rim. Cor laranja clara a avermelhada.

Biologia

Apresenta dimorfismo sexual e o seu crescimento opera-se por mudas do exosqueleto, tal como nos outros crustáceos decápodes. Depois de atingir a maturidade sexual, o crescimento da fêmea é mais lento atingindo comprimentos inferiores aos dos machos. Com uma longevidade superior a 8 anos, atinge a maturidade sexual antes dos 3 anos de idade. O pico de desova ocorre no Verão em Julho – Agosto. Após a desova, as fêmeas transportam os ovos na parte ventral do abdómen durante ±6 meses. Após a eclosão, as larvas desenvolvem-se no plâncton. O assentamento dos indivíduos no habitat da espécie dá-se na fase de megalopa e a sua sobrevivência depende da combinação da temperatura (13-14° C) e as dimensões das partículas do substrato (silte e argila).

É um predador oportunista, alimentando-se de organismos que encontra na vizinhança da abertura da galeria onde reside. Crustáceos, poliquetas e moluscos são os principais componentes da sua dieta.

Distribuição e Habitat

Biomassa do lagostim (PNAB/DCF, Campanha de Crustáceos 2013: verde - baixa; azul – média; castanho – elevada; x – não ocorreu)

O lagostim, na fase adulta é um crustáceo bentónico, que escava galerias no sedimento, preferencialmente lodoso, com mais de 40% de silte e argila. A sua  distribuição é determinada mais pelo tipo de substrato e temperatura do que pela profundidade.

Em Portugal, esta espécie ocorre na zona do talude continental, nas costas sudoeste e sul (Alentejo e Algarve) entre os 200 e os 800 m. Nas regiões centro e norte, ocorre em pequenas manchas localizadas no talude e em algumas áreas menos profundas (80-150m).

Pesca

O lagostim é capturado numa pescaria multiespecífica de arrasto dirigida a crustáceos, exercida ao largo do Alentejo e do Algarve, no limite da plataforma continental e no talude, em profundidades superiores a 150 m. As duas espécies-alvo principais são a gamba-branca e o lagostim. Em menor quantidade, esta frota captura outras espécies de crustáceos de elevado valor comercial, como o camarão-vermelho e o carabineiro. Entre as espécies acessórias estão a pescada e o tamboril. A captura de lagostim na zona norte é acessória ou acidental.

A pesca é realizada com duas classes de malhagem no saco, 55 mm para a captura de camarões e ≥ 70 mm para a captura de lagostim. O tamanho mínimo de desembarque (TMD) do lagostim é de 20 mm de comprimento de cefalotórax ou 70 mm de comprimento total. Os stocks de lagostim da Península Ibérica estão sujeitos a um plano de recuperação desde o início de 2006 (Regulamento CE Nº 2166/2005, de 20 de Dezembro). O plano estabelece uma redução anual de 10% no TAC e no esforço de pesca e uma área com restrições à pesca do lagostim, ao largo de Sines. A legislação nacional estabelece o encerramento da pesca de arrasto de crustáceos durante o mês de Janeiro de cada ano.