A Previsão Numérica do Tempo (PNT) recorre ao potencial de cálculo dos computadores para produzir uma estimativa do estado futuro da atmosfera utilizando os designados “modelos de previsão numérica do tempo”. Estes modelos baseiam-se num conjunto de equações que traduzem leis da física para descrever o comportamento hidrodinâmico da atmosfera
Com base num modelo de previsão obtém-se então a “previsão” a partir do conhecimento do estado atmosférico inicial, isto é da “análise”. A sua execução em super-computadores só é possível através de códigos informáticos de grande complexidade que fornecem previsões para diferentes variáveis atmosféricas, tais como a temperatura, a pressão atmosférica, o vento e a precipitação. No seu trabalho diário, o meteorologista interpreta os resultados assim obtidos, confrontando-os com outras fontes de informação meteorológica para elaborar a previsão do estado do tempo.
A qualidade da informação numérica é condicionada, porém, pelas incertezas inerentes ao conhecimento do estado da atmosfera num dado instante e também pelas limitações impostas pelos modelos de previsão. As incertezas inerentes à observação atmosférica e a utilização de observações irregularmente distribuídas sobre o globo são fatores de erro introduzidos na análise; as aproximações aplicadas às equações e a discretização espaço-temporal condicionada pela capacidade dos computadores utilizados, são exemplos de fatores de erro introduzidos nos modelos.
A previsão numérica é uma atividade recente quando comparada com outras atividades científicas da Meteorologia. Iniciou-se em meados do século XX quando o trabalho de cientistas da envergadura de Rossby (1898-1957) se juntou à invenção do computador eletrónico. A primeira experiência de sucesso em PNT é atribuída a Jule Charney (1917-1981) e teve lugar nos EUA em Abril de 1950. Hoje em dia, a PNT é parte integrante das atividades operacionais da maior parte dos serviços meteorológicos de todo o mundo. As previsões globais, para um alcance de cerca de uma semana, são feitas em apenas alguns centros mundiais mas em muitos países são produzidas previsões regionais ou locais para alcances muito mais curtos. Em termos funcionais, o fator “tempo útil” com que a informação meteorológica deve estar disponível obriga a manter atividades de grande especificidade o que implica a existência de um capital humano de elevado valor técnico e científico.
O atual grupo de trabalho em PNT do IPMA surgiu em 1993, relançando esta atividade no serviço meteorológico nacional de forma integrada com o esforço europeu para o desenvolvimento da previsão numérica a médio e a curto prazos, sendo Portugal membro do European Centre for Medium-range Weather Forecasts e parceiro no Projeto Internacional ALADIN.
Dois dos principais produtos resultantes desta área de atividade no IPMA são as versões operacionais locais dos modelos de área limitada ALADIN e AROME, os quais possuem uma resolução horizontal, respetivamente, de 9 e 2.5 km. Têm sido desenvolvidos vários produtos derivados destes modelos, bem como do modelo global do ECMWF, sendo efetuada a verificação/validação dos resultados de uma forma sistemática."